O JOGO teve acesso a alguns excertos do livro que será apresentado hoje. Os autores falam do “assalto ao poder” iniciado em 2000, quando Luís Filipe Vieira integrou a gestão do futebol do Benfica.
Francisco J. Marques, diretor de comunicação e informação do FC Porto, vai apresentar hoje o livro “O Polvo Encarnado”. Em coautoria com Diogo Faria, um dos criadores da página do Facebook “Baluarte Dragão”, o dirigente portista vai apresentar hoje a obra às 11h30, no Hotel AC, ao lado do Estádio do Dragão. O JOGO teve acesso a alguns excertos que têm um denominador comum, o Benfica, dando seguimento à divulgação do caso dos emails divulgados no Porto Canal. No livro recorda-se que Luís Filipe Vieira mal chegou à presidência do Benfica assumiu “muito cedo que um dos objetivos estratégicos do clube passava pelo controlo de posições-chave na estrutura das instituições que dirigem o desporto nacional, com particular destaque, à época, para a Liga”. “Num primeiro momento, seria importante assaltar o poder; o sucesso desportivo viria por arrasto”, pode ler-se no livro, apontando críticas a Cunha Leal, antigo diretor executivo da Liga, considerado “um dos principais rostos do escandaloso título encarnado de 2004/2005”. Mário Figueiredo, antigo presidente da Liga, também não escapou às acusações. “No tempo de Mário Figueiredo, assistiu-se ao aprofundamento de tudo isto, com a promiscuidade entre Liga (nas pessoas dos seus presidentes da Comissão Executiva e da Assembleia Geral) e Benfica (nas pessoas do seu presidente, do assessor jurídico da sua SAD e de um funcionário) a atingir uma dimensão inimaginável.”
O caso “Apito Final” também é abordado no livro como exemplo de que “o cenário recente da justiça desportiva portuguesa é desolador”. “O caso “Apito Final” é, a todos os títulos, o exemplo maior do que não pode e não deve ser feito. Durante vários anos, ao arrepio dos princípios básicos do Direito, as instâncias desportivas seguiram caminhos muito diferentes – antagónicos, até – dos da justiça civil”, criticam ao autores do livro. “Além do “Apito Final”, na última década e meia também se assistiu a um espetáculo disciplinar que teve como principal característica, em geral, a ausência de equidade no julgamento dos diferentes clubes e, em particular, uma sucessão de julgamentos em prejuízo do FC Porto e em benefício do Benfica.”
Exemplo daquilo que consideram a influência encarnada foi a criação do canal BTV, considerado “um instrumento de poder que o Benfica utiliza para interferir no mercado dos direitos televisivos, furando qualquer veleidade de centralização destes direitos (como acontece, por exemplo, na liga inglesa), pressionando a Sport TV para um alinhamento pró-Luz mais acentuado e condicionando, a partir de 2017/18, as decisões dos videoárbitros e o alcance da verdade desportiva do campeonato”, escrevem ainda os autores do livro “O Polvo Encarnado”.