Já falámos aqui várias vezes de Pedro Adão e Silva. Encoberto pela capa da sua respeitabilidade académica, não passa de um cartilheiro que, como qualquer Pedro Guerra, André Ventura ou Zeca Marinho, se dedica à reprodução quase acrítica das cartilhas oficiais do Benfiquistão.
No seu artigo de hoje, no Record, apresenta uma receita para aquilo a que chama “o problema do futebol”. Passa por três pontos:
1. Menos presença dos diretores de comunicação dos clubes na comunicação social – ou seja, pretende que se calem algumas das figuras, nomeadamente Francisco J. Marques, que mais têm contribuído para tirar o véu que tem encoberto ao longo de vários anos as vigarices do Benfica.
2. Menos análises às arbitragens – ou seja, pretende que os erros escandalosos de que o Benfica tem beneficiado nas últimas épocas, e que são, em grande medida, responsáveis pelo seu tetracampeonato, deixem de poder ser expostos.
3. Menos protagonismo dos dirigentes – ou seja, gostaria que estivessem todos calados: quer os adversários que denunciam o Benfica, quer o próprio Luís Filipe Vieira, quem tem notórios problemas de expressão em público, revelando frequentemente uma notável tendência para prejudicar o seu clube quando abre a boca.
No fundo, o que Pedro Adão e Silva pretende é que fique tudo na mesma: que os adversários do Benfica continuem a ser roubados; que a turma de Carnide continue a conquistar campeonatos sem mérito desportivo; que Vieira continue a baixar notas dos árbitros; que Paulo Gonçalves continue a nomear delegados da Liga; que Pedro Guerra continue a ler as mensagens privadas de Fernando Gomes; que Adão Mendes continue a ordenar padres.
No tempo do Estado Novo, uma das virtudes mais exaltadas pelo regime era o “viver habitualmente” – a manutenção ad eternum da ordem salazarista, sem ondas, sem críticas, sem qualquer contestação. Era o mesmo conceito que Pedro Adão e Silva gostaria de ver aplicado ao futebol português. A sua ideia é que a Liga Salazar continue, como nos últimos anos, um antro de salazarismo. Mas está com muito azar: nem os dirigentes do FC Porto, nem os seus adeptos, nem a Justiça darão esse descanso ao Benfica.
Fonte: Batalha1893