Mágico vai instalar-se em definitivo na cidade que ama. Fez com o jornal O JOGO uma viagem ao passado com paragem… no presente
Deco não perde, nunca perdeu de vista o FC Porto. Tem uma voz crítica, mas fala com a vantagem de perceber o que diz, ou seja, de futebol, e de conhecer muito bem o clube. Olha assim para o momento: “Não vejo o FC Porto tão mal quanto diziam, nem tão bem quanto dizem agora. As pessoas têm a tendência para passarem do oito ao 80 muito rápido. O FC Porto está a passar uma fase sempre ingrata – é aquela em que a ansiedade se agudiza, quando não se ganha e há a necessidade de o fazer. Isso viu-se bem no jogo com o Braga, em que festejou a vitória como se estivesse a festejar um título, e isso é sinal do momento.” O mágico entende tudo isso e dá a sua visão: “Nem sempre as coisas saem como se trabalham. O FC Porto, até ao momento, teve altos e baixos. Começou bem, depois baixou, não se encontrou, agora está de novo em alta. É muito fácil criticar um treinador, mas os jogadores também devem ter responsabilidade quando as coisas não vão bem.” E fala de um caso muito específico. “As pessoas questionavam por que é que não jogava o Brahimi, mas, para o treinador o poder colocar, ele tem de jogar como está a jogar agora. Falo do Brahimi porque gosto imenso do futebol dele.”
Diz o antigo médio que “não é fácil vencer com muitos jogadores novos”. “O FC Porto está à procura de uma equipa, mas não só para este ano. Os jogadores têm passado pouco tempo no clube. Basta ver que o Herrera é o jogador que tem mais tempo nesta equipa e chegou há quatro anos. Há jogadores que são miúdos e que estão a chegar, mas o FC Porto não pode ser visto como uma passagem. Jogador que pensar assim está no sítio errado”, analisa. O tema merece uma análise comparativa: “O FC Porto conseguiu sempre manter uma base; quando estavam para sair alguns jogadores, já havia outros para entrar. O FC Porto tem base para fazer uma grande equipa; vamos ver quanto tempo vão aguentar alguns jogadores, como o Maxi, o Casillas, o próprio Felipe, que foi uma grande contratação, mas tem seis meses de clube; o Marcano, que parece que se encaixou numa boa dupla, ou o Danilo, que chegou há época e meia, e tem um trabalho fundamental no meio-campo”, argumenta.
Por tudo o que pensa, Deco entende que é preciso cuidado quando se pede o título a esta equipa. “O FC Porto está em busca dessa base e pouco a pouco vai conseguir. Se o FC Porto pensar numa equipa para este ano, está a cometer um erro. É óbvio que é difícil para um clube que está sem ganhar há três anos, mas tem de pensar nos próximos. O grande objetivo do FC Porto é equilibrar com o Benfica a hegemonia que tinha. Até pode ganhar o campeonato, mas o maior desafio neste momento… é o futuro”, defende.