Nos últimos 10 anos, o modelo de negócio do Porto foi bastante claro e bem sucedido. O clube da Invicta contratava bem, geralmente em mercados secundários como o sul-americano, e revendia tais atletas por um valor bem acima do investido, garantindo uma boa margem de lucro.
Para dar certo, a estratégia exigia que os Dragões, primeiramente, tivessem um bom departamento de scout, capaz de mapear boas contratações e, consequentemente, bons negócios ao redor do mundo. Em segundo lugar, mas não menos importante, a capacidade de trabalhar a adaptação e evolução do jogador em terras portuguesas.
O melhor exemplo de como funcionava a engrenagem portista é o volante Fernando, atualmente no Manchester City. O meio-campista foi descoberto pelos scouts azuis e brancos quando ainda defendia o sub 20 do Vila Nova-GO, sendo comprado por módicos 750 mil euros, em 2007.
Chegando ao Porto, passou por um processo de adaptação, que incluiu um período de empréstimo ao modesto Estrela da Amadora. Sete anos mais tarde, foi vendido para o clube inglês por 15 milhões de euros, uma valorização de 1900%.
Mas Fernando está longe de ser uma das maiores vendas que o Porto fez na história. O primeiro da lista é James Rodriguez, negociado com o Monaco por 45 milhões de euros, em 2013. Sua contratação junto ao Banfield custou 7,3 milhões de euros aos cofres do clube português. Hulk (Zenit) e Falcão (Atlético de Madrid), ambos vendidos por 40 milhões de euros, completam o top 3 de maiores vendas dos Dragões.
De 2007 para cá, o Porto negociou nada menos do que 133 atletas, totalizando 648,8 milhões de euros com as transferências. É a equipe que mais lucrou com negociações nos últimos 10 anos em todo o mundo.
Em time que ganha não se mexe, certo? Não no Dragão. A temporada 2014/15 trouxe uma grande mudança na filosofia portista. Com a chegada do técnico Julen Lopetegui, o time luso passou a investir em jogadores já formados no cenário europeu, deixando em segundo plano os demais mercados. Foi assim entre 2014 e 2016.
O zagueiro Felipe é o símbolo da volta azul e branca ao modelo bem sucedido. Comprado junto ao Corinthians por 11 milhões de euros há um ano, pode ser negociado na próxima janela de transferências por 30 milhões de euros – Juventus e Real Madrid estão de olho no defensor de 28 anos.
A tendência é o time da Invicta voltar a olhar com carinho para a América do Sul. Luís Gonçalves, que assumiu a direção geral durante a última temporada, foi o responsável pela invasão brasileira no Shakhtar Donetsk. Se deu certo no leste europeu, com uma cultura tão diferente, por que não daria em Portugal?
Antes de rumar à Ucrânia, Gonçalves foi o responsável por uma revolução na gestão portista, ficando à frente do fortalecimento do departamento de scout. Lembra o top 3 de vendas citado acima? Foi ele quem trouxe o trio para o Dragão, por exemplo.
Confira o top 10 de maiores vendedores entre 2007 e 2017*:
1- FC PORTO – 648,8 milhões (133 jogadores negociados)
2- Benfica – 643,9 milhões (149 jogadores negociados – já inclui a venda de Ederson ao Man. City)
3- Chelsea – 592,8 milhões (101 jogadores negociados)
4- Tottenham – 572,7 milhões(119 jogadores negociados)
5- Liverpool – 572,6 milhões (116 jogadores negociados)
6- Atlético de Madrid – 552,9 milhões (92 jogadores negociados)
7- Real Madrid – 515,2 milhões (70 jogadores negociados)
8- Juventus – 506,7 milhões (193 jogadores negociados)
9- Internazionale – 461,5 milhões de euros (182 jogadores negociados)
10- Sevilla – 458,8 milhões (107 jogadores negociados)
* Dados do Transfer Market (valores em euros)
TEXTO: http://espnfc.espn.uol.com.br/