Os golos e as jogadas que cria são a face mais visível de um predestinado da bola. Pelo que joga, pela entrega e, claro, pela alma que dá, o internacional português segue em destaque de dragão ao peito.
Cresceu no Sporting, passou por Barcelona, Londres, Istambul, Milão mas é na Invicta cidade do Porto que diz sentir-se «em casa». Ricardo é um artista da bola e, aos 31 anos, está aí para os próximos desafios. Corre, finta, dribla. O público aprecia. Quando entra em campo de azul e branco vestido, Quaresma parece ter um pulmão inesgotável e a cabeça no lugar. Os pés, esses, estão sempre no sítio certo. Cândido Costa, antigo jogador do FC Porto e amigo pessoal do camisola 7, conversou com o zerozero.pt e destacou o «bom momento» do Mustang.
«Como amigo dele, vejo com muita satisfação este momento do Ricardo, que só parabeniza aquilo que ele é como jogador e como pessoa; e este momento aparece depois das declarações do Lopetegui a elogiar o caráter dele e o facto dele não baixar os braços», começou por nos contar Cândido Costa.
E prosseguiu: «Um jogador quando chega aos 30, 31 anos, e no nível que o Ricardo está, normalmente pode perder algumas valências. Uns perdem fisicamente, outros perdem em outros aspetos e ganham outras qualidades. No caso do Ricardo parece-me que é louvável este momento. E porquê? Tendo em conta aquilo que foi o passado dele no FC Porto, com todo o protagonismo, sendo uma figura de cartaz e não tendo sentido esse tal papel importante no arranque da época, acabar por ter esta reação sempre que é chamado, mostrar grande vontade e entrega ao jogo… acho que é louvável. Creio que todos ficam satisfeitos, ele incluído. Sei que ele gosta muito do FC Porto e, por isso, está feliz.»
Aos 31 anos, Quaresma vive uma espécie de “segunda vida” no Dragão. Após uma primeira passagem (entre 2004 e 2008), o internacional português regressou em janeiro do ano passado. Na altura da sua chegada, foram vários os que desconfiaram da sua utilidade, até porque vinha de ano e meio no Al-Ahli, dos Emirados Árabes Unidos. Mas Quaresma reinventou-se e como o vinho do Porto vai provando que tem «muitas capacidades».
«Tem muito virtuosismo. Não se compara a outros jogadores mais musculados, com um jogo mais agressivo, que também foram durante anos a bandeira do FC Porto, jogadores com aquela imagem de marca do FC Porto que é “antes quebrar que torcer”. O Ricardo aparece num contexto diferente. É mais tecnicista, mais virtuoso, mas tem expressões apaixonantes para o clube. Já disse várias vezes que o FC Porto é o clube dele, o clube que gosta e defenderá até à morte e há uma sintonia muito grande entre ele e os adeptos. Obviamente que se fossem só palavras, e não fossem acompanhadas de atos, não fazia sentido. Mas o Ricardo, principalmente esta temporada, está a mostrar ser um jogador à Porto», salientou, em declarações ao zerozero.pt, dizendo que «o FC Porto deu-lhe a grande oportunidade de continuar a carreira, de voltar à seleção e acho que ele tem correspondido». «No fundo, acho que é uma relação justa para os dois lados. O que eu espero, como amigo dele e também por eu ser portista, é que ele possa continuar assim.»
Com 35 jogos oficiais esta temporada ao serviço do FC Porto (20 vezes titular), Quaresma «está num clube que lhe dá toda a confiança, que acredita nele, que os adeptos – independentemente de ele falhar duas, três ou mais vezes – estão do lado dele». «Há sempre uma certa alavanca. Há grandes jogadores que vão para grandes clubes e acabam por não ter um rendimento tão bom. Depois, mudam de clube e acabam por mostrar créditos. Eu acho que o Ricardo Quaresma identifica-se muito com o FC Porto, gosta da camisola, gosta de ser do FC Porto, gosta das pessoas da estrutura e, quando esse carinho é recíproco, todos saem a ganhar», explicou, acrescentando que Quaresma é um jogador que «corre muitos riscos mas já faz parte dele».
«Como se costuma dizer, a letra pode sair bem ou mal mas ele não tem medo de arriscar. São estes jogadores que têm direito a todas as críticas mas também todos os aplausos. Quando está inspirado tem performances que deixam todos satisfeitos», rematou Cândido Costa, que envergou a camisola do dragão entre 1999 e 2003.
Quaresma identifica-se muito com o FC Porto, gosta da camisola, gosta de ser do FC Porto, gosta das pessoas da estrutura e, quando esse carinho é recíproco, todos saem a ganhar