O FC Porto versão 2015-16 é um clube que…
… contratou Maxi Pereira, um símbolo do Benfica, que durante oito anos foi rival do FC Porto e à chegada ao Dragão passou a ser um jogador acarinho, inclusive com honras de camisola 2.
… contratou Dani Osvaldo, jogador com um historial de conflitos e processos disciplinares invulgar – e diria mesmo único – a assinar pelo FC Porto, numa altura em que nenhuma outra grande equipa parecia estar disposta a tentar a reabilitação do jogador.
… resgatou Silvestre Varela, após este quase ter sido reduzido a um rótulo de mercenário por parte de Pinto da Costa numa entrevista ao Porto Canal. Quis sair para «ganhar dinheiro», podia ter caído em desgraça, mas foi recuperado e reabilitado para ser um jogador importantíssimo no plantel.
… redobrou a confiança em Julen Lopetegui, cuja primeira época no FC Porto coincidiu com a primeira temporada desde 1989 sem nenhum título numa época desportiva.
Estes são apenas quatro exemplos que dizem que o FC Porto versão 2015-16 tem uma componente de segundas oportunidades. São apostas que dizem simplesmente que o passado ou o que fizeram não importa, pois o FC Porto sabe o que valem no presente e o que podem valer em 2015-16. Maxi Pereira, Dani Osvaldo e Silvestre Varela são jogadores que, por diferentes motivos, podiam hoje conhecer mil e um entraves para não vestir a camisola do FC Porto.
Mas estão cá, integrados no grupo, acarinhados, com um papel relevante no plantel em perspetiva e até mesmo com números místicos nas costas. Tudo isto para chegar a um nome que está esquecido nesta pré-época. Discute-se a necessidade de um central patrão e hesita-se em perceber se Lichnovsky deve rodar para ser 1ª opção na primeira liga ou ficar no plantel para não aprender nada na equipa B e ser o 4º central da equipa A.
E enquanto isso, o FC Porto esquece-se que tem nos seus quadros um central experiente, internacional, de qualidade bem acima da média; que sabe ser um líder, foi capitão, tem experiência em jogar em grandes clubes, em defrontar grandes adversários; um jogador do qual nunca nenhum treinador disse uma palavra má; mais, numa altura em que o FC Porto não tem grande margem para mais aventuras no mercado (há uma diferença em depositar todas as fichas em Lucas Lima e estar, meramente, à espera da única solução que a Doyen tem para oferecer neste momento) e não consegue pensar em contratar um nome de peso para a defesa sem envolver fundos e complexidade, eis uma solução a custo zero: Rolando.
Se há época para reincorporar Rolando, é esta. Está cá, é nosso, é portista. Tem qualidade, dispensa período de adaptação e ganhou 11 títulos pelo FC Porto. Agiu mal, como outros agiram para com ele e continuam no FC Porto merecendo total confiança do clube, mesmo quando o seu nome sai para a praça pública por problemas extra-futebol. Rolando não esteve oito anos a lutar contra o FC Porto. Não agrediu colegas ou dirigentes. Cometeu erros no passado? Certamente. Mas o FC Porto não contratou Maxi, Osvaldo e não resgatou Varela a pensar no passado, mas sim a pensar no que poderiam ser em 2015-16.
O que se pede não é muito e não é difícil: Rolando, Lopetegui, Pinto da Costa, Antero Henrique e o seu empresário (Cardoso da Silva, não é Alexandre Pinto da Costa nem nenhum dos 738 representantes em Itália) sentados à mesa, a conversar e a ultrapassar os problemas que houver para ultrapassar como gente crescida. No final, podem ter a certeza, quem ganharia era o FC Porto.
Texto e créditos: http://otribunaldodragao.blogspot.pt/2015/08/querem-um-central-ca-esta-ele.html?m=1