O FC Porto lamenta que, mais uma vez, usando da mais requintada hipocrisia, o SLB tenha aproveitado a nomeação do presidente da FPF para a comissão executiva da FIFA para cavalgar o apelo à concórdia que Fernando Gomes lançou na edição de hoje da imprensa desportiva, a partir da sua nova posição de relevo no plano do futebol internacional e com a qual o FC Porto já se tinha congratulado publicamente.
A desfaçatez com que o SLB usa e abusa da propaganda para tentar puxar o lustro à marca contrasta com práticas repulsivas através das quais persegue benefícios próprios e não para o futebol português em geral. Este comportamento dúplice só tem sido possível através do estratagema de calar os pecados próprios em matérias de conflitualidade social, de que são prova agressões a árbitros e adeptos e até mesmo mortes. Por sua vez, este estratagema só tem resultado no interesse do SLB pela subserviência de alguns meios de comunicação social e pela cumplicidade de alguns agentes desportivos que, nas suas funções institucionais, deveriam zelar pela neutralidade de órgãos e institutos que regem e administram as regras do jogo e a justiça desportiva das competições.
Concordando com as preocupações do presidente da FPF, centradas na relação entre árbitros e adeptos, o FC Porto recorda que uma das condições para a pacificação reside na perceção que os amantes do futebol, os cidadãos em geral e, não menos importante, os investidores em particular possam ter de que o jogo, o espetáculo e a indústria do futebol assentam na verdade desportiva. E que deste ponto de vista caberá também à FPF encontrar forma de regular com transparência as regras do jogo, incluindo aquelas que, neste momento, não ajudam a uma boa perceção pública do futebol e da sua indústria, como é a situação sui generis da Liga portuguesa ter como operador televisivo dos jogos disputados pelo SLB em casa a própria televisão do clube, com os atropelos conhecidos.
Por último, o FC Porto espera que do apelo do presidente da FPF resultem rapidamente decisões práticas para o dia a dia do futebol português, sendo de toda a evidência que, em primeiríssima prioridade, deverá estar um dos maiores e mais óbvios problemas sociais e desportivos: a obrigatoriedade de tornar legais claques disfarçadas de grupos organizados de adeptos, o que tem permitido aos dirigentes alienar responsabilidades.