Este início de época está a deixar-me um pouco baralhado. Passo a explicar. Agora só se fala na estrutura, Benfica Lab, fábrica de talentos do Seixal. Este palavreado técnico/industrial começou a ser muito usado, curiosamente, depois de Jorge Jesus ser treinador do Sporting Clube de Portugal. Quando comentadores e jornalistas falam do Benfica, fico com a sensação de que estão a falar da Auto-Europa, do terminal de contentores do porto de Sines ou qualquer do género a sul do Tejo. A estrutura continua lá, as maquinetas do Benfica Lab ainda têm os leds a piscar e a fábrica de talentos continua a alimentar o carrossel de Mendes. O problema é que o estruturador está agora no Sporting, para minha alegria e da grande maioria dos sportinguistas. E isso foi evidente na Supertaça. A vinda do estruturador para o Sporting está a obrigar a estrutura do Benfica a gastar muito mais dinheiro do que o previsto. Jesus no Sporting está a sair caríssimo aos rivais. Eu agora olho para as camisolas do FC Porto e parece-me ver a bandeira da Grécia. Jorge Jesus é o treinador que conheço que mais rapidamente coloca as equipas a jogar à sua imagem. É por isso que as minhas expectativas, sem euforias, para esta Liga são grandes para o Sporting. No momento não quero destacar nenhum jogador, todos eles estão determinados e focados nas suas missões. Dos jogos que vi da pré-época cheguei a uma conclusão: Benfica e FC Porto têm contratado muitos jogadores, mas é o Sporting que parece que joga com mais jogadores em campo. Aqui está uma maneira inteligente de equilibrar com os elementos a mais com que geralmente os rivais do Sporting jogam… Esta temporada tem um pormenor, muito importante, que pode definir o que pode vir a ser a época do Sporting, o calendário. É verdade, com este calendário o Sporting pode, com frieza e racionalidade, chegar ao jogo da Luz (8.ª jornada) com uns imponentes 21 pontos. O Sporting tem de ter o objetivo de aproveitar o vento a favor das primeiras sete jornadas, sem grandes jogos complicados, para faturar todos os pontos possíveis. Esta é uma meta intermédia perfeitamente ao alcance da equipa. Foi assim que o FC Porto de Villas-Boas embalou para o título. É, pois, com esta postura que o Sporting tem de encarar hoje o Tondela. Há quem prefira uma estrutura, eu prefiro uma equipa estruturada.
por JOSÉ DE PINA, Humorista