Manuel Tulipa trabalhou na formação do FC Porto. Vítor Ferreira, Fábio Vieira e Francisco Conceição, sem esquecer João Mário, destacados.
Vítor Ferreira, Fábio Vieira e Francisco Conceição, recém-campeões da I Liga pelo FC Porto, limaram detalhes na transição para os seniores, vinca o ex-futebolista e treinador Manuel Tulipa, que orientou esse trio na formação do clube e destaca outros jovens do plantel.
“O Vítor Ferreira foi melhorando durante a passagem pelos sub-19 e na equipa B, mas lá ganhou uma ligação diferente com a chegada ao plantel principal e, nomeadamente, com o treino do Sérgio Conceição. É um jogador inteiro, que entende muito bem os momentos de organização de pressão e com bola. Evidencia-se por isso, já que não perdeu a sua qualidade, mas conseguiu melhorar o momento sem bola”, explicou à agência Lusa o ex-técnico dos iniciados (2017/18), juvenis (2018/19) e juniores (2019/20) dos “dragões”.
Manuel Tulipa trabalhou há duas épocas com o médio, de 22 anos, mais conhecido por Vitinha, que foi titular em 27 dos 30 jogos disputados no campeonato e ainda somou dois golos e três assistências, num percurso que já lhe valeu uma internacionalização AA.
Vítor Ferreira debutou no onze na goleada caseira ao Moreirense (5-0), à sexta jornada, tal como Fábio Vieira, de 21 anos, que contou 15 titularidades e saiu 12 vezes do banco, sendo o segundo jogador mais influente do FC Porto, com seis golos e 14 assistências.
“O Fábio Vieira é especial, pois consegue ver tudo com a cabeça no chão. É um jogador de último passe e com chegada à área, golo, meia distância e bolas paradas. Também melhorou em termos de orientação de pressão, mas aquilo que me surpreende é a forma como exibe a sua qualidade quando muitas equipas estão baixas no terreno e consegue decifrar o que o jogo pede. Esses jogadores são os que valem muito dinheiro”, apontou.
Se o centrocampista também conviveu apenas uma época com Manuel Tulipa, Francisco Conceição partilhou duas a caminho da equipa principal, pela qual só foi titular uma vez, mas somou 24 jogos como suplente utilizado, totalizando dois golos e duas assistências.
Projetando um “jogador de elite e atrativo para qualquer patamar”, o treinador da equipa de sub-23 do Marítimo aconselhou ao avançado, de 19 anos, que “andasse muitas vezes por dentro, onde há mais gente para fixar, ficar com a bola, romper, tabelar e ir embora”.
“É um miúdo de quem gosto especialmente, pois trabalhou mais tempo comigo. É incrível e competitivo, gosta de ganhar e está sempre à procura dos duelos. Tendo uma enorme margem de crescimento, tem de ser muito bem utilizado. Ele precisava de crescer no momento em que as equipas estão baixas e penso que foi por aí. Depois, aprendeu uma coisa que, para mim, é fundamental: tendo como pé dominante o esquerdo, joga desde a direita e consegue também enganar para fora, dificultando quem o defende”, descreveu.
Manuel Tulipa, de 49 anos, equipara a competitividade de Francisco Conceição à do pai, Sérgio Conceição, embora com “características diferentes” do técnico do FC Porto, que “cruzava muitíssimo bem, sem ter o engano do filho ou a apelatividade para os duelos”.
“Tinha outras coisas de grande nível e, por isso, é que fez a carreira que fez. Em termos táticos, era um jogador muito bom. O Francisco Conceição também precisa um pouco de compreender isso, melhorar e ajustar alguns momentos em que a equipa tem de ter uma orientação tática diferente com e sem bola. Ainda é um jovem, tem quase 20 anos e irá aprender todos esses valores que o pai tinha”, referiu o ex-médio formado no FC Porto.
Entre os novos campeões nacionais moldados nas camadas jovens dos dragões consta ainda João Mário, de 22 anos, que passou de extremo a lateral direito adaptado e esteve em 24 duelos, quatro dos quais enquanto suplente utilizado, assistindo para dois tentos.
“Sinceramente, aquilo que o Sérgio Conceição fez é outro momento de grande lucidez. Penso que o João Mário seria bom jogador como extremo, mas, se calhar, não de topo. Como lateral, partindo de um lugar mais recuado e com o jogo pela frente, desenvolve muitíssimo bem as suas capacidades, sabendo que tem engano, serviço e rompe muito bem numa segunda vaga. Na minha visão, é a posição perfeita para ele”, argumentou.
Já Diogo Costa, de 22 anos, foi intocável na baliza portista da primeira à penúltima ronda e apenas descansou por opção na última, numa época em que se tornou ainda número 1 da seleção nacional no “play-off” de acesso ao Mundial2022, sucedendo a Rui Patrício.
“É dos guarda-redes mais elegantes dos últimos tempos e um pouco uma cópia do Vítor Baía. Se calhar, até um pouco mais requintado no jogo com os pés e na intencionalidade de criar e provocar muito jogo ofensivo. Tem defesa de baliza incrível e facilidade em sair às ações de cruzamento. Estamos todos de acordo que, num futuro próximo, não vamos encontrar melhor solução para defender as cores do FC Porto e de Portugal”, atestou.
Para além de Diogo Costa, João Mário, Vítor Ferreira e Fábio Vieira, todos campeões da UEFA Youth League pelo FC Porto, em 2018/19, e do promissor Francisco Conceição, Tulipa deteta nomes da equipa B, 10.ª colocada na II Liga, “com margem para crescer”.
“Gonçalo Borges e Bernardo Folha são jogadores de excelência e com potencial muito grande para entrarem proximamente na equipa principal e, se possível, crescerem com o Sérgio Conceição. Acho que iam ganhar uma dimensão diferente com ele”, finalizou.
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