O início de temporada do Futebol Clube do Porto está a suscitar algumas críticas nos adeptos por variadíssimas razões. Alguns não estão satisfeitos com a saída de 7 titulares da época passada, outros estão muito desiludidos com a maneira de jogar deste novo Porto. Mas será que é caso para tanta preocupação?
A atual realidade do futebol português força a direção portista a muitas cautelas relativamente às contas do clube. Os últimos relatórios apontam, ainda assim, para uma grande estabilidade económica, pelo que não era necessário fazer grandes encaixes neste defeso.
Dos mais utilizados, o FCPorto deixou sair Fabiano; Danilo, Alex Sandro; Casemiro, Óliver; Quaresma e Jackson. Fabiano e Quaresma foram “queimados” pelo treinador. Casemiro e Óliver tinham chegado por empréstimo, pelo que estavam sempre em risco de sair por muitos esforços que o clube fizesse para os manter. A saída de Jackson estava prometida no verão passado. Mas o que dizer de Alex Sandro e Danilo?
Tendo em conta os contratos dos dois jogadores (até 2016), não se pode considerar que os valores das transferências tenham sido péssimos. No entanto, tenhamos em conta que se trata de dois dos melhores laterais do mundo. Contar com eles também “dá” muito dinheiro ao clube época após época. Creio que isso não foi tido em conta pela direção que deveria ter renovado com estes dois atletas antes da época passada começar.
A venda de Alex Sandro foi o cúmulo, tendo em conta os titulares que já tinham saído e o dinheiro que o clube já tinha encaixado. 26 milhões (pagos em 3 anos) bastaram para o FCPorto não manter Alex Sandro durante mais uma época. É verdade que sairia a custo zero, mas, como se não bastasse a lacuna deixada por Danilo na direita, os Dragões ainda ficaram muito mais fragilizados no outro flanco. E já custou caro este fim de semana na Madeira!
Se na defesa o FCPorto está teoricamente uns furos abaixo da época passada, o mesmo não se pode dizer do meio campo. Saíram dois titulares, Casemiro e Óliver, mas entraram 4 grandíssimos jogadores para o setor. Danilo Pereira, André André, Imbula e Sérgio Oliveira trazem mais qualidade a um meio campo que já contava com o excelente tridente Rúben Neves, Herrera e Evandro.
No miolo, não pode haver desculpas, mas é onde Lopetegui tem errado mais. O FCPorto começou a época oficial com o trio Danilo, Imbula e Herrera no onze. O treinador basco aposta, assim, num miolo forte físicamente, mas com pouquíssima criatividade. Tendo em conta as caraterísticas e a qualidade dos outros médios do FCPorto, é caso para dizer que Lopetegui pode colocar qualquer combinação de médios em campo, menos aquela. Não tem quem defina os ritmos, os 3 jogadores não têm grandes rotinas juntos e a falta de criatividade torna o jogo muito previsível e fácil de anular.
Na frente, não me parece que o FCPorto esteja mais forte, visto que saíram Jackson, que é um jogador de topo mundial, e Ricardo Quaresma, um desequilibrador nato. Entraram Bueno, Osvaldo e Varela que são bons jogadores, mas nenhum deles é de topo. Ainda assim, os azuis e brancos têm matéria prima para colocar o ataque ao nível da época passada. É necessário fazer o melhor aproveitamento possível dos jogadores. Varela não deve jogar mais de sessenta minutos e Tello rende mais se entrar na última meia hora. Em condições normais, Brahimi e Aboubakar, que estão mais adaptados este ano, jogam os 90 minutos. Sempre que possível, é bom fazer a rotatividade necessária com Osvaldo, Hernâni e Bueno.
Outro problema que Lopetegui insiste em ignorar é a falta de plano B. Este plantel tem jogadores com caraterísticas de todos os tipos possíveis. Nesse particular, é dos mais ricos que tive oportunidade de observar. Personalidade, liderança raça, polivalência, criatividade, pulmão, portismo… Tendo em conta a fragilidade nas laterais e o excesso de qualidade no meio campo, porque não testar um sistema de 3 defesas? Com Alberto Bueno, Varela e Osvaldo, que gostam de jogar no apoio ao ponta de lança, porque não se tenta um 4x4x2? É necessário um plano B para desbloquear certos jogos.
Concluo que o FCPorto tem tudo para não estar mais fraco, apesar da saída dos 7 titulares e mesmo que não consiga mais nenhum reforço. Apenas precisa de encontrar o seu onze base, trabalhar um plano B e fazer a rotatividade necessária de modo a tirar o melhor rendimento da equipa. E que não se esqueçam no “canivete suíço” Ricardo Pereira. Incrível como nem convocado é!
Sugerimos este onze para o próximo jogo: Casillas; Maxi, Maicon, Marcano, Martins Indi; Rúben Neves, Herrera, Evandro; Brahimi, Varela e Aboubakar. Apostamos numa equipa rotinada da época passada com os reforços Casillas e Maxi. E os outros craques vão-se integrando aos poucos…
Texto da autoria: Barboville