Buscas incidiam sobre o universo benfiquista, na sequência do “caso dos emails do Benfica”.
O Ministério Público e a Polícia Judiciária tentaram levar a cabo uma série de buscas, neste verão, no âmbito inquérito do “caso dos emails do Benfica”, mas o juiz competente do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa recusou-se a emitir os respetivos mandados.
A operação foi, naturalmente, cancelada.
Estavam em causa diversas buscas, incluindo algumas domiciliárias, que incidiam sobre o universo benfiquista e a arbitragem, em particular sobre elementos alegadamente envolvidos na troca de emails que indiciaram eventuais crimes de corrupção desportiva que pretenderam favorecer o clube encarnado.
Os mandados foram requeridos por Andrea Marques, procuradora do Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, que é quem detinha a competência legal para fazer tal pedido ao juiz de instrução, mas que, além disso, tem de facto dirigido o inquérito e acompanhado de perto o trabalho da Polícia Judiciária (PJ).
A PJ, através de uma equipa então liderada pelo inspetor-chefe Sacramento Monteiro e coordenada por Pedro Fonseca, da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, também estava, naturalmente, interessada em obter recolher prova válida para o caso, denunciado no Porto Canal pelo diretor de comunicação do F.C. Porto, Francisco J. Marques, mas também objeto de uma denúncia ao Ministério Público.
As buscas eram importantes para a investigação, sobretudo, porque os maiores indícios de corrupção conhecidos até então diziam respeito a emails que terão sido obtidos ilicitamente, junto dos sistemas de informáticos de indivíduos ligados ao Benfica, o que faz deles prova proibida em processo penal. A ideia era, portanto, obter prova válida, inclusivamente os emails que já tinham sido divulgados publicamente e outros que também já estavam na posse dos investigadores.
Mas aquela prova proibida terá sido justamente um dos motivos invocados pelo juiz de instrução criminal para se recusar a emitir os mandados de busca. Uma recusa que, segundo noticia hoje a revista “Sábado”, foi assumida pelo juiz Jorge Marques Antunes no seu último dia de serviço na instrução criminal (no âmbito do movimento anual de magistrados judiciais, foi transferido para outro tribunal).
A mesma revista diz ainda que, além do assessor jurídico da SAD do Benfica, Paulo Gonçalves, e do ex-diretor de conteúdos da Benfica TV Pedro Guerra, entre outros, as buscas visariam o próprio líder do clube, Luís Filipe Vieira.