São casos distintos e remontam à época 2018/19. Comentador disse que o clube azul e branco tinha conhecimento antecipado das nomeações dos árbitros. Jornalista da BTV foi acusado na sequência de uma narração de um clássico com o Benfica
Vão seguir para julgamento as queixas-crime por ofensas e difamação apresentadas pelo FC Porto contra Pedro Guerra e Valdemar Duarte, respetivamente comentador afeto ao Benfica e jornalista na BTV. Os casos são separados e remontam à época 2018/19.
A 20 de agosto de 2018, no programa “Prolongamento”, da TVI, Pedro Guerra afirmou que o FC Porto tinha conhecimento prévio das nomeações dos árbitros e associou a vontade do clube à substituição de Fábio Veríssimo para dirigir o Belenenses-FC Porto, que se realizou no dia anterior.
“Quer Pinto da Costa, quer Luís Gonçalves têm conhecimento prévio de quem é que vai ser nomeado. E aquilo que me constou é que o Porto se mexeu para mudar Fábio Veríssimo, e a verdade é que Fábio Veríssimo não veio apitar (….)”, disse o comentador.
De facto, o juiz da AF Leiria esteve nomeado, mas não chegou a arbitrar a partida devido ao falecimento de um familiar próximo.
A queixa seguiu em nome da SAD do FC Porto, de Pinto da Costa e de Luís Gonçalves e, nesta terça-feira, foi conhecida a decisão do Tribunal Judicial da Comarca do Porto.
“O conteúdo de tais afirmações extravasam a liberdade de expressão e o direito de crítica, ressaltando apenas um juízo negativo sobre os assistentes […]”, pode ler-se no despacho a que O JOGO teve acesso.
Para o juiz, as declarações do comentador são “consideradas ofensivas da honra, consideração e dignidade dos assistentes”, além de não existir fundamentação.
“O arguido não conseguiu demonstrar que as afirmações eram verdadeiras […] e de igual modo resultou minemente indiciado que tivesse fundamento para, em boa fé, as considerar verdadeiras […]”, acrescenta o juíz, que assim pronuncia Pedro Guerra pela prática de “dois crimes de difamação com publicidade e calúnia” e de “um crime de ofensa a organismo”.
Em sua defesa, o comentador alegou que, na altura, desconhecia o drama familiar que afetara o árbitro e que pediu desculpas assim que tomou conhecimento. No mais, alegou estar no exercício da liberdade de expressão.
Relativamente a Valdemar Duarte, terá de comparecer no dia 3 de junho, às 09h15, no Juízo Criminal Local do Porto (Tribunal do Bolhão) para a primeira sessão do julgamento.
Estão em causa as palavras que utilizou para se referir ao FC Porto na narração do clássico com o Benfica para a meia-final da Taça da Liga, em janeiro de 2019.
“Corja de bandidagem”, “bandidos-mor”, “mafiosos” e “gentalha” foram alguns dos termos utilizados pelo jornalista. Frases como “Quando digo os números é porque tenho dificuldade em dizer os nomes [dos jogadores do FC Porto], porque aqueles que estão dentro do campo são uns bandidos” e “Este mafioso deste engenheiro Luís Gonçalves mete nojo”, são outros exemplos.
Este artigo foi originalmente publicado neste site